A Mentira que Você Aprendeu na Escola: A Fórmula de Bháskara Nunca Existiu
A verdade é sempre libertadora, até nos minimos detalhes.
Todo brasileiro que passou pela escola carrega um trauma em comum: a famigerada fórmula de Bháskara.
Ela nos foi apresentada com pompa, com aquela aura de verdade eterna, quase um dogma matemático. Repetida como um feitiço:
Mas e se eu te dissesse que essa fórmula não se chama “de Bháskara” em nenhum outro lugar do mundo?
E mais: que o próprio Bhāskara II, matemático indiano do século XII, nunca escreveu essa fórmula desse jeito?
A verdade é dolorosa: você acreditou em uma mentira confortável.
E pior — foi avaliado, cobrado e punido por não sabê-la.
O nome que só existe aqui
Nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Japão — o mundo inteiro — essa equação é ensinada como “fórmula quadrática” (quadratic formula). Simples assim.
Foi algum brasileiro — que a História não se preocupou em nomear — que decidiu batizar a equação de segundo grau com o nome de Bháskara, talvez para dar uma aura de sofisticação ou uma homenagem mal calculada. E colou.
Tanto colou que hoje, ao dizer que “essa fórmula nunca foi chamada de Bháskara”, você pode ser acusado de arrogância, revisionismo ou até heresia matemática.
Mas não é nenhuma dessas coisas. É só verdade.
Por que isso importa?
Porque essa pequena mentira encapsula algo muito maior:
O medo que temos da verdade quando ela ameaça nosso conforto.
Preferimos um erro popular do que uma correção solitária.
Vivemos cercados de “Bháskaras”: ideias que ninguém questiona, nomes que ninguém verifica, verdades que não resistem a uma simples busca no Google. Mas continuam vivas — porque são convenientes, porque foram ensinadas assim, porque dá trabalho pensar de novo.
A verdade é um risco
Tentar corrigir esse tipo de mentira não é inofensivo.
Você pode até ser agredido — verbalmente ou intelectualmente — por expor o erro.
Porque ninguém gosta de perceber que foi enganado. Preferimos chamar quem aponta a fraude de maluco, de chato, de inconveniente.
Mas é justamente aí que está o valor: só cresce quem suporta a dor de rever o que acredita.
Então da próxima vez que você ouvir falar da fórmula de Bháskara, lembre-se:
nem tudo o que parece eterno é verdadeiro.
Às vezes, é só uma tradição mal contada — e aceita demais.